|
13,00 € |
Este livro narra o desabrochar das paixões, com a desenvoltura de um sorriso que conhece os segredos da noite e da madrugada e que acompanha o movimento dos céus:
Ao sereno da noite enluarou-se a aldeia
sorrindo
Como tudo aquilo que desabrocha acaba por fenecer, estas paixões encontram o fim do seu ciclo vital na lei inexorável do Tempo, em cujos “ramos” se consumam todos os nossos destinos possíveis.
nos ramos do tempo
meu amor
esquecemos a água
e tudo secou.
A curva do tempo é também a consumação de tudo quanto é irreversível num movimento em direcção ao fim. Aquilo que descreve uma curvatura, no mundo plano que vai de Aristóteles a Newton, passando pela geometria do espaço plano de Euclides, tende ao movimento circular e à repetição perpétua. […]
As geometrias não euclidianas e a relatividade geral de Einstein tornaram um pouco mais complicado o significado de “Curva” e de “Tempo”, mas ficámos a saber que, no material elástico do espaço e na sua imbricação inseparável com o Tempo, os corpos fazem curvaturas no espaço pelo mero acto de existirem, a luz percorre parábolas e o Tempo, esse, está longe de ser uma sentença fatídica sem recurso, porque também ele pode ser manobrado, estendendo-se numa vasta curva que acompanha a velocidade da luz.
em degelo a alma
à espera da luz
vai cedendo às trevas
e vela o impossível
regresso do tempo.
[…]
Os conceitos abstractos fazem a sua aparição, neste livro, revestidos pelas imagens concretas da Natureza física, para falarem do afecto humano entre o “eu” e o “tu”, combinando-se e casando-se como o dia casa com a noite, a vida com a morte, e a finitude com o infinito. O triângulo entre abstracções metafísicas (como o “presente”), a Natureza física concreta (como “a brisa quente”) e o afecto humano “sobre o amor já louro” concentra no seu seio a forma intemporal do Amor:
lento o presente
sol ardente
a brisa quente
sobre o amor
já louro.
Trata-se de um amor antigo, com matizes pagãs, um amor panteísta da natureza pela natureza, um amor sagrado e cósmico que concentra em si a beleza de todos os grandes enigmas. […]
A Curva do Tempo leva-nos consigo. Do mesmo modo, a leitura deste livro traz-nos consigo, e dá-nos um pouco do prazer e da sabedoria necessárias para acolhermos no peito humano a mesma paixão e o mesmo mistério pelos quais o Tempo foi urdido.
Do prefácio de Maria Matos Meireles Graça
Livros da autora
publicados pela editora Modocromia