Colecção "A Água e a Sede"

13,00 €

Carlos Bondoso brinda-nos com um novo livro, “As Pedras Sangram”, no qual o vento invisível serpenteia a imensidão horizontal do infinito, num voo rasgado de palavras, em que cada uma representa, de acordo com a sua movimentação poética, uma miríade de simbologias, nomeadamente, o abraço de um suspiro, a assimetria de uma melodia, a libido contida num desejo, o impulso de um afeto e a vociferação de um grito.

[…] para a partir deste dinamismo de forças heterogéneas, atingir a liberdade “num canto de pássaro” e dar azo ao “Indefinível” de corpo vítreo e incandescente. Obrigada, Carlos, Bondoso por me dares a oportunidade de ler mais um maravilhoso livro teu.

Lynda de Carvalho
Livros do autor
publicados pela editora Modocromia

 




«Nos tempos que vivemos, em que a palavra parece colapsar perante a euforia do consumo e de seus mitos e em que a percepção do real é sistematicamente filtrada pela alienação mediática, compete aos poetas e, de uma maneira geral aos artistas e intelectuais, assumirem a sua condição de sal da terra, no sentido proclamado pelo Padre António Vieira (1654). Como é conhecido, interrogava-se então o eminente vulto da Cultura Portuguesa sobre as causas da corrupção dos costumes, em terra de tantos pregadores. E, conclui que tal é possível apenas ou porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixava salgar e, então, perplexo, mas inconformado, esqueceu a terra e virou-se para o mar, para pregar aos peixes.
[…]
Em verdade, este texto, com as ideias e conceitos que exprime, não seria possível sem que, previamente, quem lhe dá forma, não estivesse imbuído, página a página, do pulsar dos poemas e textos, que compõem este magnífico livro, bem como do universo poético em que a sua autora se move.
Assim se pode dizer, que este prefácio é pálido reflexo de uma escrita-outra, aquela que se inscreve no corpo vivo da Poesia, como expressão do talento literário da sua autora e, sobretudo, como testemunho do seu tempo que, embora transfigurado, enquanto discurso poético, nem, por isso, é menos real, presente na vida vivida e na múltipla expressão das emoções, sonhos, desejos, inquietações e afectos, que falam, em poemas de grande beleza formal, da Mulher-Poeta e das suas circunstâncias histórico-sociais.
Como obra de arte, fiquei maravilhado e encantado com este belo livro de poesia, Guardadora de Ecos, da minha amiga A. D.

Assim, a Terra se deixe salgar e nunca faltem leitores…»

 

Do prefacio de Manuel Veiga
Livros da autora
publicados pela Modocromia
 

 




Desejos & Doutrinárias Marintimidades de Lopito Feijóo é um livro organizado em duas partes, a primeira intitulada Navegando Marintimidades com trinta e um poemas e uma segunda parte, denominada Desejos de Aminata com quarenta poemas. O livro vem acompanhado de vários desenhos da autoria de Albino Moura, um “grande mestre” das artes portuguesas, que ilustra o percurso erótico do livro. 

A dimensão doutrinária a que a obra se propõe, explícita no título, mostra um projecto de escrita calculado e orientado, e evoca emblemáticos livros de erotismo, canonizados ao longo do tempo, como o Kama Sutra de Vatsyayana (séc. iv) ou o Jardim Perfumado de Omar Ibn Nefzaui (séc. xvi). Por outro lado, a dimensão amorosa, que neste livro se entrelaça à erótica, evoca o texto bíblico do Cânticos dos Cânticos de Salomão. Com efeito o prelúdio e abertura da obra cita um trecho de Salomão: 

“O amor é tão poderoso como a morte
a paixão é tão forte como a sepultura.
O amor e a paixão explodem em chamas 
e queimam como fogo furioso.
Nenhuma quantidade de água pode 
apagar o amor. Nem o rio pode afogá-lo.
Se alguém quisesse comprar o amor
e por ele oferecesse as suas riquezas, 
receberia somente o desprezo.”

[…]

Conjugando em variantes o amor em poesia, o poeta torna-se criatura criadora. As canções, os concertos, os poemas, um a um, rastreiam uma estória em que o sujeito eu, é (t)eu, significando - de forma redundante em quarenta belos poemas - a sintonia do sujeito com seu par. Este hino amoroso em quarenta variações mostra que a subjectivação da carne transpira a essencial amorosa entrega. Entrega ao desejo e à marintimidade circunscrita num nome - Aminata - que congrega em segredo sagrado a una pluralidade do amor.
[…]

Que o leitor se aventure nos poemas de Lopito Feijóo, com astrolábio e bússola, porque a navegação de Desejos & Doutrinárias Martintimidades implica uma lenta aprendizagem, saboreada em inscrito prazer, poema a poema.

 

do prefácio de Ana Mafalda Leite

Poetisa, Professora/Investigadora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa



Preço: 13,00 €



As palavras para descrever um rosto, o rosto e seus desmandos, suas feridas.

O rosto espelho de caminhos, ultrajes, paixões, inquietudes, desânimo. Também a força que há nos músculos, no olhar perscrutando a hulha do devir, ou percorrendo, pelas veredas das rugas, as notícias dos dias amplos, da solidão, do silêncio, dos vazios que enxameiam as estradas do mundo: consciência solidária em busca do lado justo.

As marcas que percorrem o rosto, um rosto desabrigado e confuso como a palma da mão.
Um percurso de ruínas, pela memória, planando as paixões, os medos, a angústia existencial. Combate absurdo contra os fantasmas que ainda teimam em desarrumar os dias e açoitar as noites. O Amor e os seus lanhos, suas perplexidades.
A carga das palavras, tão urgentes como respirar, que transportamos aos ombros e crepitam no escuro, nos limitam em sua efémera transgressão.
Poemas sobre o rosto, a idade, o lúcido derruir dos dias da alegria.
Sem ilusões nem mágoa.

Domingos Lobo 

 



13,00 €


Este livro narra o desabrochar das paixões, com a desenvoltura de um sorriso que conhece os segredos da noite e da madrugada e que acompanha o movimento dos céus:

           Ao sereno da noite enluarou-se a aldeia
           sorrindo


Como tudo aquilo que desabrocha acaba por fenecer, estas paixões encontram o fim do seu ciclo vital na lei inexorável do Tempo, em cujos “ramos” se consumam todos os nossos destinos possíveis.

           nos ramos do tempo
           meu amor
           esquecemos a água
           e tudo secou.


A curva do tempo é também a consumação de tudo quanto é irreversível num movimento em direcção ao fim. Aquilo que descreve uma curvatura, no mundo plano que vai de Aristóteles a Newton, passando pela geometria do espaço plano de Euclides, tende ao movimento circular e à repetição perpétua. […]


As geometrias não euclidianas e a relatividade geral de Einstein tornaram um pouco mais complicado o significado de “Curva” e de “Tempo”, mas ficámos a saber que, no material elástico do espaço e na sua imbricação inseparável com o Tempo, os corpos fazem curvaturas no espaço pelo mero acto de existirem, a luz percorre parábolas e o Tempo, esse, está longe de ser uma sentença fatídica sem recurso, porque também ele pode ser manobrado, estendendo-se numa vasta curva que acompanha a velocidade da luz.
 
            em degelo a alma
            à espera da luz
            vai cedendo às trevas
            e vela o impossível
 
            regresso do tempo.

[…]
Os conceitos abstractos fazem a sua aparição, neste livro, revestidos pelas imagens concretas da Natureza física, para falarem do afecto humano entre o “eu” e o “tu”, combinando-se e casando-se como o dia casa com a noite, a vida com a morte, e a finitude com o infinito. O triângulo entre abstracções metafísicas (como o “presente”), a Natureza física concreta (como “a brisa quente”) e o afecto humano “sobre o amor já louro” concentra no seu seio a forma intemporal do Amor:

           lento o presente
           sol ardente

           a brisa quente
           sobre o amor
           já louro.


Trata-se de um amor antigo, com matizes pagãs, um amor panteísta da natureza pela natureza, um amor sagrado e cósmico que concentra em si a beleza de todos os grandes enigmas. […]

A Curva do Tempo leva-nos consigo. Do mesmo modo, a leitura deste livro traz-nos consigo, e dá-nos um pouco do prazer e da sabedoria necessárias para acolhermos no peito humano a mesma paixão e o mesmo mistério pelos quais o Tempo foi urdido.


Do prefácio de Maria Matos Meireles Graça


Livros da autora
publicados pela editora Modocromia




13,00 €


[…]

Um perfilar de vários perfis cada um sendo poema carta ou contemplação activa que Manuel Veiga cada vez mais intenso sob um céu pessoalíssimo sonha depura e elege como espelho de
Si entre os outros – nós – e nos arrasta em movimentos de intensa expressão. Como se nos quisesse dizer: vejam-me aqui nu e faminto de ser saciado e destemidamente brumoso e desassossegado. […]



Do prefácio de Isabel Mendes Ferreira


… … … … … … … … … … … …


[…]

Neste “Perfil dos Dias”, encontramos a voz recorrente do eu interior, esses fragmentos metafóricos da inconsistência do Ser, essa busca, esse voo cego a nada como escreveu Reinaldo Ferreira, mas um voo que traz o olhar do outro, porque ninguém viaja sozinho pela vida, sem a sombra existencial, ora obsessivamente desejada, ora apenas intuída, ora indispensável como respirar, do outro. Pelo meio desta complexa gramática do corpo e dos afectos, existe a pertinência da busca de sentidos para o universo, o cosmos como um derivativo de absolutos, em que a esperança se inscreve: Deslizam as águas em rios secos/ Até à raiz do nada. (...) Ou reserva de vida/ Preservada: cópula de sol/ E gota de água/ E a ansiada/ Espera... […]

A poesia de Manuel Veiga, balança entre territórios líricos e introspecções metafísicas e é nessa dualidade expressiva que a sua poética se aproxima das metamorfoses verbais que encontramos em poetas como Herberto Helder, Ramos Rosa ou Ricardo Reis. É nesse alfabeto lírico, nessa gramática do Mundo, quase sempre magoada, essa modelar forma de organizar o Acaso, mesmo que O Sol seja nuvem/ E o meu fogo água // O teu corpo/ céu aberto/ seja. Um discurso poético que entronca, por vezes, em outros poetas do modernismo como, também, Mário Sá Carneiro. […]

Mesmo olhando o mundo, passeando essa “loucura portátil”, Manuel Veiga não deixa de trazer ao discurso a diversidade conjuntiva com que esta fala se ergue e se constrói, é nesse fulgor, nesse delta de raízes, que estes versos nos arrebatam em sua contínua transfiguração.

do prefácio de Domingos Lobo


Livros do autor
publicados pela editora Modocromia




13,00€

Reflexos mudos, as obras de ARTE procuram a duplicação do dizer, e o poeta espreita, é preciso que ele habite o próprio artista, e alguns escrevem, mas há poetas que não dispensam as imagens e reservam algum tempo a desenhar e a pintar, também. Amorosamente as palavras e as imagens, enquanto necessidade conjunta, fazem do artista e do poeta irmãos da vida, um e outro têm uma experiência sensorial sem invalidar as explicações mais racionais, que justificam um diálogo alargado com quem de fora se interroga sobre o universo criativo e a função da ARTE.

Deixo a palavra ir ao céu da boca, escreve Aurora Gaia logo no começo do presente livro, e eu penso na força que os nomes ganham quando saem na declamação, sobrevivendo à angústia das mãos para desespero dos olhos, onde a luz irrompe porque nenhum sol brilha, e dentro habita a razão do corpo. A razão do corpo não pode ficar presa quando se apagam as luzes e outras luzes se acendem.

Os sublinhados são obviamente palavras de Aurora Gaia, retirados dos poemas dedicados a pessoas que realizam ARTE, mas a autora não se anula, está dentro, completamente entregue e grita, para tentar colorir a esperança. E bem precisamos de esperança alargada ao mundo onde o artista e, obviamente, o poeta, devem ser à maneira deles agentes de mudança da vida para a paz, contudo eles precisam de outros companheiros, gente da educação e da política a vários níveis do debate de ideias.
Do prefácio de Emerenciano Rodrigues




13,00€

Num registo lírico e confessional, estamos perante um cântico na periferia do corpo, esse lugar onde urge, mais do que lamber as chagas, lamber a lâmina. Se o acto anterior ao acto de escrever foi água espessa, a vida transmutada nos poemas apresenta-se-nos agora com a leveza dos versos para acender nas mãos trémulas o desejo.

Cada um dos poemas que compõem esta magnífica obra, de singular beleza no seu onírico e poético universo, é um convite ao seu mundo interior, por conhecer. Palavras de líbido e de seiva debruçadas sobre a magna certeza de que apenas se perde o que se tem. Perda? Não. Antes o regresso ao rio do silêncio, ao rio de sangue... no grácil voo raso de se dizer. Sem sombra de dúvida, estamos perante uma safra de versos que, através dos meandros da sua insularidade, nos oferece a generosa taça de um acento vermelho.

[…]

Na escrita de Edgardo Xavier o poeta tolera-se pois escrever é sempre uma dúctil queda como forma mais perfeita de ganhar voo. Toda a sua lavra é expressão de uma nudez aflita com a qual se encobre, numa timidez despudorada, buscando o clímax do verso derradeiro e, com ele, o temporário sossego. ”Ama-me como se, estranho, não fosse eu”.

À boca da noite, ei-lo descrito como se fosse um rio ainda por beber ou o sumo viscoso dos sons para que a duração noturna mais vermelha se revele; proclamando a desafiante e óbvia “poéticofagia”; com todos os vagares, com todos os vogares que apenas a poesia urgente, depurada e incerta, nos oferece;



“Amor?
Estou.
Sou na tua pele a mansa mão da tarde,
o calor que corre,
a ideia que fica à porta da tua sensualidade.
Olhar-te me chega.
Encho de ti os olhos
e sinto-me sereno como um lago.”

Do prefácio de Manuel Neto dos Santos


Livros do Autor
Publicados pela editora Modocromia




13,00 €

Sob o signo da noite, Lília Tavares, em cada poema deste 5.º livro de poesia não reproduz o dizível mas permite o indizível.

A autora desabriga-se no avesso da pele das suas memórias que numa eternidade gasta e passada a quiseram ocultar. 
O eu-poético, embora contido, traz à luz a sua ambivalência que se exprime mediante recursos simbólicos. A incompletude habita as suas raízes: vivências, memórias, viagens, amores. 

Ainda são nocturnas estas viagens, revela. Menina e depois mulher, a autora decompõe-se em matéria subjectiva, como um todo desconhecido. A sua poesia serve-se de alguma economia das palavras para desconstruir uma teia de silêncios, entrelaçada em fios de desejo, de amores e de veredas. 

Num novelo cingido pelo prefácio de Carlos Campos, desfiam-se 70 poemas onde se entremeiam 7 fotografias repletas de significado de Paulo Eduardo Campos, também ele poeta. 
À sombra de uma dessas imagens, pode ler-se:


          «Acordo nas ervas, anoiteço barco,
           como árvore e terra despertaria amanhã.»


Livros da autora
publicados pela Modocromia 



13,00 €
[…] 
E este mergulho de Nigredo do José Alberto Postiga – que coragem! – é, além de um belo livro de poemas, o corpo recluso cuja hora de visita é um festim de assombrações, e que o torna um caleidoscópio de chiaro-oscuro: um enlouquecimento à medida de se ser tão monstruosamente cândido ao ponto de se ter nascido para isto.
Tardemos, portanto, tardemos, porque não sendo este livro uma sentença nem uma condenação, é uma litania perpétua.
Ficamos a perguntar por ela. Por ela. Porque uma ausência é um grito insuportável. Ao deus laico dos versos: os nossos joelhos. 
[…] 
Do prefácio de Marta Bernardes