segunda-feira, 5 de outubro de 2015

"Pétalas ao Sol" de Ilda Ruivo




[…]
Sendo o poeta um fingidor, muitas vezes os seus sentimentos mais íntimos encontram-se ocultos num emaranhado, no labirinto das palavras, não sendo fácil discernir se é dor a dor que deveras sente ou se o poeta finge inconscientemente.
Quando partimos à descoberta da poesia de um autor, lançamo-nos também na aventura de desventrar o mais íntimo de nós mesmos, penetrando sem qualquer pudor no âmago dos seus/nossos mais íntimos pensamentos.
É por isso, Ilda, que quando leio teus versos navego num mar sem fundo, perscrutando todas as belezas que eles nos podem proporcionar, estejam eles, verso por verso, flutuando à superfície desse lençol imenso à espera de um garapão que os leve de repente ou mergulhados entre corais e tubarões no profundo desse imenso oceano, com cujas maravilhas nos encantamos, navegando por esse mundo desconhecido cheio de mistérios e beleza que habita dentro de ti.
Na verdade, finges o que sentes tão completamente que a tua dor nos aparece como se fosse um manancial de desvarios poéticos onde te devaneias em liberdade plena. 
[…]
Queremos ler-te, queremos sentir-te, queremos viver em ti cada novo sentimento, cada novo e apertado abraço de amizade e de ternura, sentirmo-nos livres nesse espaço imenso que cada dia crias para nós. Pedacinhos de vida que contigo desejamos partilhar.
Deixa-nos saborear o teu banquete, deixa-nos inalar, palavra após palavra, pétala após pétala, a fragância que cada dia se faz brotar do teu coração tão cheio de afeição e poesia.

do prefácio de José Sepúlveda