sábado, 9 de novembro de 2019

Pegadas e Projetos

20,00€



Este trabalho inovador permite ao leitor o contacto com duas realidades diferentes: a portuguesa e a brasileira dos anos 70/80 do século xx. Dois irmãos que a vida afastou, falarão da emigração, dizendo da política do país e da sociedade que os envolveu e trucidou. O meio é a grande condicionante desta narrativa que é inédita – romance epistolar onde tudo acontece.
Nota dos autores – Luísa Ramos e Carlos Lamas de Oliveira

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Comunicar é preciso. É preciso transmitir e absorver conhecimento. Até os mais fortes laços familiares se desatam se não houver comunicação, diálogo, partilha de informação.
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Quando estávamos de férias escolhíamos um postal impresso a cores com um motivo de interesse turístico do local onde estávamos e lambíamos o selo para que chegasse ao destino. Ao chegar a casa, a caixa de correio, que hoje em dia apenas recebe publicidade não endereçada, acolhia os postais dos familiares e amigos com as imagens impressas mostrando os locais visitados. Escritas, à mão, vinham as notícias sobre a viagem.
Era o Facebook e o Instagram de outras épocas…
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“A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida.” Escreveu, no século xix, Oscar Wilde e, além de outras deambulações, faz-me pensar quantos suculentos nacos de prosa, escritos com o coração em lágrimas ou numa envolvente gargalhada, foram lidos e talvez relidos inúmeras vezes apenas por uma única pessoa? Quantas dessas cartas foram ondas, prenhes de informação e emoção, se repetiram e nunca foram iguais? Quanta sabedoria de experiência feita ficou por partilhar, apenas por estar lavrada numa folha de papel de carta guardada numa gaveta e por outros e pelo tempo esquecida?

Contudo, exceptuando algum descaminho que algumas tenham sofrido, as cartas cumpriram a sua função. Foram lidas, mantiveram a ligação e fizeram chegar a informação. Não acho ser exagero afirmar que foram Literatura, logo foram Arte. A Escrita cumpriu a sua utilidade e não se limitou a imitar a arte ou a vida, outrossim foram pedaços de arte e de vida.

Exultemos a Escrita, afinal com toda a sua humildade serve todas as outras artes… e podemos considerar que viver e conviver é uma arte. 
Do prefácio de Fernando Lopes Neto